{"id":270,"date":"2004-02-16T23:59:24","date_gmt":"2004-02-16T23:59:24","guid":{"rendered":"http:\/\/poetagem.com.br\/?p=270"},"modified":"2016-09-24T00:00:37","modified_gmt":"2016-09-24T00:00:37","slug":"invidencia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/poetagem.com.br\/2004\/02\/16\/invidencia\/","title":{"rendered":"Invid\u00eancia"},"content":{"rendered":"\n\n\n
Data 06\/fev\/2004<\/span><\/td>\n<\/tr>\n<\/tbody>\n<\/table>\n

N\u00e3o. A vida n\u00e3o tem medida. A sina nem \u00e9 destino e n\u00e3o \u00e9 absolutamente constru\u00edda. Todavia, as vozes em prol do acaso n\u00e3o s\u00e3o tampouco completamente infundadas. H\u00e1 em tudo excesso e acerto. O enigma \u00e9 uma realidade da condi\u00e7\u00e3o humana. Por mais que ceda \u00e0 ind\u00f4mita e insaci\u00e1vel investiga\u00e7\u00e3o do homem, prossegue enigma. Vivo fil\u00e3o de entranhas t\u00fargidas, obscuras, indevass\u00e1veis. Plosiva mina borbulhando de mat\u00e9rias sucessiva e concomitantemente renov\u00e1veis.
\nN\u00e3o. Viver jamais \u00e9 ir em linha reta. A retid\u00e3o \u00e9 o canto complacente e nacis\u00edstico meufanando suas (in)seguras e (in)s\u00f3lidas verdades para o absolutismo de seu dom\u00ednio feito a medo. V\u00e1rias s\u00e3o a linhas. E, pois, se existem s\u00e3o reais e verdades. H\u00e1 curvas, sinuosidades que certamente retas comp\u00f5em.
\n\u00c9 isso, pois. A vida \u00e9 o inacontecido por vir. Viv\u00ea-la d\u00e1 sabedoria para se saber viv\u00ea-la. O inaudito, o imprevisto, o n\u00e3o-descrito, o sabido limite-ilimite: a vida \u00e9 inconceb\u00edvel, embora se passe a vida interira concebendo-a.
\nPor exemplo: por que o acometera aquela lembran\u00e7a, ali, agora, quando o olhar vazio circunvagando na distra\u00edda apreens\u00e3o de inexistentes imagens; solto o pensar, nem sismarento, nem reflexivo, tampouco disposto ao elucidativo. Um olhar que, se n\u00e3o perscruta, tamb\u00e9m n\u00e3o cuida. Vai de um quadro ao nada. Do nada a outro quadro. Plantados em sua cabe\u00e7a alguns fiapos caros incofessos a si mesmo. Pouco dados \u00e0quele estado. Todavia, uma viva imagem, fixa e sentida, acalanto e despedida, veementemente dissipada, enxotada. Imagem amada. Imagem para sua toda vida.
\nMas nada daquilo se definia pela retid\u00e3o de uma linha. Pois tudo que \u00e9 vida mesmo impulsivelmente se desalinha. Vagava. Dos quadros \u00e0s poucas plantas, aos m\u00f3veis ainda menos. E a demorado espregui\u00e7amento acaba ocupando desarraigada imagem. Imagem retecendo um vivido que, ao reconhecer, arrepiou-se. N\u00e3o sabe se de medo ou de arrependimento, pelo que supunha jamais poderia lhe insurgir.
\nMudara de espa\u00e7o, se bem que tivesse v\u00e1rios tra\u00e7os de proximidade com o onde com ele convivera. N\u00e3o. Havia mesmo semelhan\u00e7a, situa\u00e7\u00f5es comuns. Num movimento contr\u00e1rio fora de alto cargo a outro abaixo, exatamente de onde ele se al\u00e7ara.
\nPacato homem. Cuidada mansid\u00e3o. Que diziam apenas com os superiores. Um anci\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o a ele. Contudo, a vida o tornara um superior daquele pacato e respeitabil\u00edssimo senhor. E este lhe dispensava um tratamento refinadamente, impecavelmente, como deve dispensar um subalterno de retid\u00e3o a seu superior. Era um anci\u00e3o superior na arte de praticar a subalternidade. O que o deixava transtornadamente vexado, irreparavelmente incomodado. Em v\u00e3o suas insistentes solicita\u00e7\u00f5es para aquele bom senhor n\u00e3o o tratar daquela forma. Nada. O anci\u00e3o era todo rever\u00eancia e honesta subalternidade.
\nE ali, agora, naquela morrinha, acomete-o aquele dia: ele diante do f\u00e9retro daquele seu senhor subalterno. Queria afastar-se e n\u00e3o conseguia. O morto parecia nunca acabar suas rever\u00eancias \u00e0 generosa e honrosa presen\u00e7a dele ao seu passamento.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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