{"id":321,"date":"2004-07-30T01:18:55","date_gmt":"2004-07-30T01:18:55","guid":{"rendered":"http:\/\/poetagem.com.br\/?p=321"},"modified":"2016-09-24T01:19:41","modified_gmt":"2016-09-24T01:19:41","slug":"esconjuro","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/poetagem.com.br\/2004\/07\/30\/esconjuro\/","title":{"rendered":"Esconjuro"},"content":{"rendered":"\n\n\n\n
\n
Esconjuro<\/span><\/div>\n<\/td>\n<\/tr>\n
Data <\/span>30\/jul\/2004<\/span><\/span><\/td>\n<\/tr>\n<\/tbody>\n<\/table>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Soube que nada mais havia a fazer. Mas indignara-se ante tal condi\u00e7\u00e3o. N\u00e3o ter mais nada a fazer expunha limitada a sabedoria. Melhor: denunciava a franca condi\u00e7\u00e3o pouco s\u00f3lida de uma sabedoria incontestavelmente t\u00e3o evolu\u00edda.
\nDa pedra lascada ao computador, n\u00e3o s\u00f3 erigimos a espinha e descobrimos e aperfei\u00e7oamos evolutiva e criativamente a extens\u00e3o de nossos membros, como os aperfei\u00e7oamos, os potencializamos em desdobrados mecanismos, como a v\u00e1rios atribu\u00edmos a chancela de sofisticados.
\n\u00c9 certo que contra a morte, h\u00e1 rem\u00e9dio ou ant\u00eddoto algum que a detenha e a impe\u00e7a. E talvez seja tamb\u00e9m certo que nem os queiramos mesmo, que a morte, dentre outras tantas fun\u00e7\u00f5es, tenha como a principal m\u00e1xima a preserva\u00e7\u00e3o da vida. Que seria da vida, se a morte n\u00e3o lhe fosse uma perene e irrefut\u00e1vel fatalidade.
\nTodavia, por isso, a incessante busca de criar formas e mecanismos de recha\u00e7\u00e1-la mais e mais. \u00c9 isso. A vida \u00e9 de combate \u00e0 morte. Furtar-se dela, dribl\u00e1-la a cada ato. Enquanto, tratar de faz\u00ea-la preciosa, extrair-lhe os prazeres e gratuidades que levem a t\u00ea-la como a d\u00e1diva concedida. E ent\u00e3o, por fim, que a fatalidade baixe para a consuma\u00e7\u00e3o do veredicto. E que, apaziguado, se possa evocar as aceita\u00e7\u00f5es po\u00e9ticas: \u201cAl\u00f4, inilud\u00edvel! O meu dia foi bom, pode a noite descer\u201d. Pronta est\u00e1 a casa para habitares. Mais faria se, n\u00e3o obstante longeva a vida o quanto podemos torn\u00e1-la, t\u00e3o curto n\u00e3o fosse o tempo de s\u00f3 habit\u00e1-la.
\nAs presas n\u00e3o se entregam. Morrem lutando, quando se v\u00eaem ante a iminente fatalidade de serem devoradas pela morte que as abater\u00e1, para que seu predador mantenha a sobreviv\u00eancia. Ent\u00e3o seu instinto n\u00e3o lhe permite absoluta passividade. E d\u00e1-se a ca\u00e7ada, o confronto, a luta e o abate sob o \u00faltimo recurso da v\u00edtima: o berro, o grito, o urro, num misto de dor e amargor.
\nUrgia buscar sa\u00edda. N\u00e3o se podia admitir que tudo se fizesse como uma consuma\u00e7\u00e3o programada. A interven\u00e7\u00e3o gera situa\u00e7\u00f5es, atos que podem criar o inesperado, o n\u00e3o-entrevisto. Como o acaso s\u00fabito exige a reorganiza\u00e7\u00e3o de atos, medidas, a\u00e7\u00f5es mediante o que se constitui como novo.
\nP\u00f4r-se a pensar no modo como conseguiria impedir o dado como fim. Mais que fuga; mais que instintivo medo; mais que a animalesca relut\u00e2ncia ante o feroz e faminto predador, havia nele uma intuitiva certeza de que n\u00e3o era chegada a hora.
\nDe certo estava sendo posto a prova. Estava ante uma experimenta\u00e7\u00e3o provocativa a ver qual seria seu procedimento.
\nForjar sua defesa era necess\u00e1rio. Era necess\u00e1rio n\u00e3o perder nenhum minuto. Tra\u00e7ar planos v\u00e1rios, p\u00f4-los em curso, afastar aquela equ\u00edvoca fatalidade.
\nN\u00e3o se bastava ainda \u00e0 vida. Tampouco ela a ele. Escavar seus fossos, levantar suas estacas, criar seus estratagemas.
\nHavia, sim, o que fazer. Havia de fazer, refazer-se para garantir seu fazendo-se.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Esconjuro Data 30\/jul\/2004 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0Soube que nada mais havia a fazer. Mas indignara-se ante tal condi\u00e7\u00e3o. N\u00e3o ter mais nada a fazer expunha limitada a sabedoria. Melhor: denunciava a franca condi\u00e7\u00e3o pouco s\u00f3lida de uma sabedoria incontestavelmente t\u00e3o evolu\u00edda. 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