{"id":186,"date":"2006-05-04T23:05:11","date_gmt":"2006-05-04T23:05:11","guid":{"rendered":"http:\/\/poetagem.com.br\/?p=186"},"modified":"2016-09-23T23:05:55","modified_gmt":"2016-09-23T23:05:55","slug":"o-vinho-do-poder","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/poetagem.com.br\/2006\/05\/04\/o-vinho-do-poder\/","title":{"rendered":"O vinho do poder"},"content":{"rendered":"

A ta\u00e7a de vinho. A noite sendo tomada pelo frio. Fazia-se cada vez mais proeminente o inverno. O jornal aberto em cujas p\u00e1ginas pol\u00edticas pululavam not\u00edcias, fatos, depoimentos. O pa\u00eds passando por novos percal\u00e7os. Mais de vinte anos depois de restabelecimento da democracia liberal, ainda se conduzindo por terreno escorregadio, de planuras e buracos, de ladrilhos e lamas.
\nInumer\u00e1veis e multifacetadas cenas de terror e dor passadas na constru\u00e7\u00e3o de ansiadas liberdades democr\u00e1ticas. Que pareciam ainda longe do idealizado. Dessas muitas cenas, uma, agora, ali, evocara, cujas elucubra\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, partid\u00e1rias e eleitorais vararam madrugada adentro sustentada por muitas garrafas de vinho.
\nEra um tempo em que reconstru\u00e7\u00f5es precisavam ser feitas. Cada qual fizesse a seu modo. Conforme suas possibilidades. Cada qual desse de si seu quinh\u00e3o. A causa pedia um pouco de desprendimento. Valia o que fosse feito com entusiasmo, dedica\u00e7\u00e3o e responsabilidade. Tudo para que se pudesse reinaugurar, ou inaugurar um estado democr\u00e1tico est\u00e1vel.
\nA instabilidade de um pa\u00eds que nunca parecera ser efetivamente confi\u00e1vel a seus pr\u00f3prios herdeiros. Estes mesmos talvez se sentissem fr\u00e1geis. Ainda no fosso da impot\u00eancia. Nada consistente e verdadeiramente nacional, patri\u00f3tico nele houvera se desenhado como o rumo, o caminho para seu lugar.
\nAt\u00e9 ali n\u00e3o chegara a terra de pa\u00eds arrasado, porque, de fato, incomensur\u00e1veis s\u00e3o os fil\u00f5es de sua riqueza. Por mais que o tenham espoliado; por mais que tenha sido submetido a terr\u00edveis sangrias; por mais que tenha visto devastarem sua mata, envenenarem seus rios, exterminarem seus p\u00e1ssaros e animais; por mais que tenha visto o seu c\u00e9u de nuvens e azul sempre pinturescos e o puro frescor de seu ares irem degradando-se em cinzas e putresc\u00eancias; e que por muitos mares bravios tenha sido atormentada esta Ilha de Vera Cruz, esta Terra de Santa Cruz pela nobreza assim denominada e que a singeleza do vulgo preferiu chamar de Brasil, em que pese terrivelmente isso tudo, n\u00e3o sucumbiu, n\u00e3o soterrou.
\nTodavia, tamb\u00e9m n\u00e3o se melindrou em disparar o alarme, em acender suas luzes vermelhas. Tais sinais, ainda que brisas boas tenham perpassado, ainda que tenham surgido frescas garoas, ainda que f\u00e9rtil chuva e sol fecundo n\u00e3o a tenham esquecido, tais sinais continuam alarmando, continuam acesos.
\nEra, ent\u00e3o, tamb\u00e9m uma noite de inverno anunciado. Eles eram tr\u00eas homens cheios de esperan\u00e7a com suas utopias muito semelhantes e vivas. Advinham de empenhadas a\u00e7\u00f5es de combate durante todo o per\u00edodo daquela ardilosa e destrutiva ditadura de d\u00e9cadas. Haviam trilhado pelas mesmas veredas na conquista do estado de direito democr\u00e1tico. Foram assemble\u00edstas. Foram debatedores. Foram grevistas. Foram aprisionados. Foram radicais. Foram marxistas-leninistas. Foram guevaristas. Foram diretas-j\u00e1. Foram tancredistas.
\nA hora era de come\u00e7ar, fazendo a li\u00e7\u00e3o de casa. Urgia, mais do que nunca, que ali no munic\u00edpio deles fosse inaugurado o estado de direito. Combinaram encontro em que debateriam como fincar o pau da bandeira que iria tremular a alt\u00edssona convoca\u00e7\u00e3o para a c\u00edvica instala\u00e7\u00e3o da democracia pelas elei\u00e7\u00f5es que se anunciavam.
\nEncontro marcado para certa hora j\u00e1 ida da noite, pois que at\u00e9 ali estaria ainda cada qual em seu trabalho. O bar, que os teve sempre por bem-vindos, tratou de acanton\u00e1-los em certo lugar reservado, onde planeariam sua grande tomada da Bastilha. Chegara a hora do basta aos modernos coron\u00e9is antiprogressistas. Sob o mando desses senhores a cidade era uma ilha de atrasos cujas circunvizinhas estavam a d\u00e9cadas de progresso. A grande maioria da sua popula\u00e7\u00e3o estava gritantemente empobrecida.
\nE o vinho predileto aplacava a sede de justi\u00e7a e progresso daqueles tr\u00eas mosqueteiros que conspiravam contra os opressores de sua espoliada cidade. Complexas quest\u00f5es de luta eleitoral foram delineadas. Madrugada ida. Garrafas de vinho esvaziadas. E todo eficiente trabalho emperrado num ponto. Eram tr\u00eas partidos que depunham \u00e0 mesa de negocia\u00e7\u00e3o quase tudo. Menos a condi\u00e7\u00e3o de ser a tal cabe\u00e7a-de-chapa.
\nE partidos ficaram. Cada qual com sua cabe\u00e7a-de-chapa, permitindo assim que a tal cabe\u00e7a antiga se mantivesse devoradora voraz e intoc\u00e1vel. Enquanto os tr\u00eas outros, embebedados de si mesmos pela transforma\u00e7\u00e3o do poder, continuariam voltando para casa de vinho tinto entupidos.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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