{"id":319,"date":"2004-07-23T01:18:08","date_gmt":"2004-07-23T01:18:08","guid":{"rendered":"http:\/\/poetagem.com.br\/?p=319"},"modified":"2016-09-24T01:18:34","modified_gmt":"2016-09-24T01:18:34","slug":"terra","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/poetagem.com.br\/2004\/07\/23\/terra\/","title":{"rendered":"Terra"},"content":{"rendered":"\n\n\n\n
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Terra<\/span><\/div>\n<\/td>\n<\/tr>\n
Data <\/span>23\/jul\/2004<\/span><\/span><\/td>\n<\/tr>\n<\/tbody>\n<\/table>\n

\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0A terra. Mat\u00e9ria feita de nada e de tudo. Que a tudo envolve, gera, vivifica e nadifica. A terra que acoberta pedras, ferros, zincos, prata, ouro. A terra que traga, engole os muitos artefatos putrefeitos por seus homens. A terra com seus tumores expostos e intumescidos, que, s\u00fabito, irrompem, expelindo seu pus incandescido e fervente, calcinando o que pela frente vai encontrando. A terra que com a \u00e1gua mant\u00e9m essa imemor\u00e1vel combina\u00e7\u00e3o contrastante para a sustent\u00e1vel compacta\u00e7\u00e3o desse planeta arredondado, soturno, refrat\u00e1rio, di\u00e1fano.
\nA terra \u00e0 merc\u00ea dos homens que nela fazem e desfazem; que dela disp\u00f5em; que a tratam como mera mat\u00e9ria inerte, perene, inacab\u00e1vel, eternamente f\u00e9rtil. A terra que se faz tijolo, argamassa para as v\u00e1rias e mut\u00e1veis moradas de homens. A terra imprescind\u00edvel e \u00fanica para a erva, a relva, as flores reais, avivando o prazer de existir aos homens nessas suas moradas.
\nA terra com seus muitos sistemas funcionais (ainda) desconhecidos de seus curiosos, atrevidos, teimosos e ind\u00f4mitos homens, aos quais lhes parecem perigosos inimigos todos os demais seres vivos que n\u00e3o sejam inofensivos e n\u00e3o lhes sirvam. Que consideram in\u00fateis e inimigas as legi\u00f5es de insetos. In\u00fateis e perigosas as muitas manadas de bichos tidos como ferozes. Apenas lhes servem pequenas por\u00e7\u00f5es de esp\u00e9cies para com outras tantas de p\u00e1ssaros comporem os zool\u00f3gicos.
\nA terra que \u00e9 \u00fanica e insubstitu\u00edvel \u00e0 condi\u00e7\u00e3o de vida aos homens, os quais t\u00e3o desprezivelmente a tratam, como se filhos a lhe dizerm que, se os pariu, tem a obriga\u00e7\u00e3o de os prover. E a terra, m\u00e3e maltratada, como toda m\u00e3e, os prov\u00ea, embora t\u00e3o mutilada quanto desprezada. A terra os prov\u00ea da \u00e1gua doce pot\u00e1vel \u00e0 vida; prov\u00ea-os do mantimento imprescind\u00edvel \u00e0 vida, que de sua pr\u00f3pria entranha brota; que indiretamente est\u00e1 nos outros v\u00edveres que \u00e0 manuten\u00e7\u00e3o da vida humana servem.
\nA sedosa terra. A maciez de sua textura. A indescrit\u00edvel temperatura de sua pele, de seu corpo. A terra m\u00e3e-p\u00e1tria-ber\u00e7o de cuja atra\u00e7\u00e3o parece fugir o homem quanto mais se sofistica em sua escalada civilizat\u00f3ria que cada vez mais o barbariza. Uma in\u00fatil desteluriza\u00e7\u00e3o suposta, pois que \u00e9 terra e nela se converter\u00e1 por mais pedra e cimento com que se reveste na ilus\u00f3ria pretens\u00e3o dela se isolar.
\nO seu quintal de terra. Com seu gramado. Com suas plantas, \u00e1rvores frut\u00edferas. Com seu canto onde enterra seus animais. Em covas que ele mesmo escava. A terra aconchegante. Terra cujo contato, cujo h\u00e1lito apaziguam. Terra cujo seio d\u00e1 a seus c\u00e3es mortos como o definitivo abrigo; a seus entes, a seus amigos, e que a ela se dar\u00e1 tamb\u00e9m como sua \u00faltima entrega.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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